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História do Beagle

O Beagle é um dos mais antigos hounds (cães de caça e presa) que caçam pelo faro. As descobertas arqueológicas comprovam em cenas de caçadas retratadas em desenhos e pinturas, que há centenas de anos existiram diversos tipos de hounds muito parecidos com os atuais, dentre eles os Beagles.

De acordo com vários estudiosos da raça, o nome "Beagle" começou a ser utilizado no século XV para descrever pequenos hounds que caçavam em matilhas, não se referindo à uma raça específica. Esses cães possuíam características heterogêneas, mas, tinham alguns pontos em comum, como o porte pequeno e a predisposição natural para a caça.

Entre os anos de 1457 a 1509, no reinado de Henrique VII existem referências aos pequenos hounds, que atualmente são chamados de Beagles.

Na Grécia Antiga, Xenofontes em 350AC em seu ensaio "Cynegeticos" (ou Tratado de Caça) usava hounds nas suas caçadas às lebres, que poderiam ser do tipo Beagle atual.

Por volta de 100 DC, Arriano, famoso historiador grego, descreveu o "Agaseous" e suas observações poderiam aplicar-se ao Beagle.

Guilherme, o Conquistador, foi quem trouxe o hound Talbot (pouco conhecido atualmente) para a Inglaterra. Ele tinha o porte grande, a cor predominante era o branco e foi utilizado na formação do antigo hound do Sul, do qual provavelmente descendem os Beagles modernos. Aliás especula-se que o sangue Talbot seja o responsável pelo aumento de tamanho em alguns Beagles.

Em 1560 Johanes Stradanus pintou uma pequena matilha de Beagles caçando coelhos.

No início do século XVII Edward Topsell, B.A.Cantab, um conhecido zoólogo, escreveu dois livros sobre animais mencionando cães terriers ou Beagles, conhecidos em alemão como Lochundle e classificando-os como cão de faro.

O rei Charles II(1630-1685) freqüentemente caçava lebres com Beagles, conforme relatado no livro "The Life of Charles II", de Sir Arthur Bryant.

Os poetas ingleses Shakespeare, Chaucer, Dryden e Pope fazem referências a hounds.

O rei Guilherme(1762-1830) sempre manteve uma matilha de Beagles. Alguns autores do século XVII mencionam um Beagle do Norte, mais rápido e mais elegante que o Beagle Cotswold.

No século XVIII William Somerville descreve as características do Beagle Cotswold e como criou alguns de seus melhores Harriers cruzando este tipo de hound com o antigo hound do sul.

Em 1750 Peter Beckford, a maior autoridade inglesa em caçadas, escreve o clássico "Thoughts on Hunting" onde menciona que o fox-beagle era muito vivo e tinha passadas leves e rápidas e explica como cruzou este com os seus Harriers com o objetivo de criar um hound com maior propulsão e determinação.

O rei Jorge IV possuía uma matilha de beagles e posou com eles em um de seus melhores retratos.

Em 1803, Edward Sydenham publica seu famoso livro "Cynographia Britannici" que contém uma gravura colorida representando Beagles. Em 1804, Reinagle indica em Sportsman's Cabinet que existem Beagles de vários tamanhos e ainda descreve : " ... São os menores hounds do país, possuem um faro especial para lebres e são vigilantes infatigáveis na sua perseguição." e ... O tom suave e melódico de sua voz parece ser o atrativo mais forte para o conhecido prazer estático desta caçada".

     

George Stubbs (1722-1806) artista famoso por seus quadros de cavalos, que também pintou Beagles.

Em 1835 nasce Walter William Skeat, famoso escritor e filólogo inglês se refere a palavra "Beagle" em The Squire of Low Degree.

J.F.Herring pintou um retrato do príncipe Alberto com seus Beagles e esta obra foi reproduzida em "The Sport Sketch Book", edição de J.W.Carleton em 1842.

Os irmãos Barraud retratam Maynard com os Beagles da Rainha Vitória. Estes hounds eram bem pequenos e eram conhecidos como "Pocket Beagle" ("Beagles de bolso").

A Rainha Elisabeth I possuía numerosos exemplares, chamadosde Pocket Beagle, Glove Beagle ou ainda Beagle Elisabeth

 

Em 1879 J.H.Welsh, que usava o pseudônimo de "Stonehenge", era um dos mais famosos autores da biografia canina e renomada autoridade mundial em cães de todas as raças conhecidas e publicou em sua obra que: -todo hound inglês com menos de 40,64cm de altura geralmente é chamado de Beagle;

- o verdadeiro Beagle é um exemplar em miniatura do antigo hound do sul, porém com maior simetria que o seu ascendente;

- com a criação do "Beagle de bolso" houve uma perda da simetria e manteve-se a constituição robusta, mas não era possível manter uma matilha de Beagles com menos de 23 ou 25cm de altura. Eles eram vagarosos o suficiente para permitir que seus acompanhantes o alcançassem a pé, porém alguns caçadores possuiam uma matilha para caçar coelhos.

"Idstone", pseudônimo do Ver.Thomas Pearce, refere-se aos pequenos hounds de Crane dizendo que "...jamais foram superados em excelência no campo e beleza nas pistas." O Padrão de Crane é de 23cm e todos são modelos de simetria e força. Crane morreu em 1894 e dois anos antes sua matilha havia sido dizimada pela sinomose. Pouco tempo depois que os melhores exemplares morreram, os Beagles de bolso se tornaram raros.

Ocasionalmente ocorrem registros citando Beagles de pêlo duro, mas esta variedade nunca se tornou tão numerosa ou suficientemente popular.

Em 1892, a Waterloo publicou "Study Book of Packs of Beagles" como parte do livro de origem dos Harriers.

Na virada do século, Rawdon Lee, baseado nas tabelas de caça do "Rural Almanack" afirma que havia cerca de 40 matilhas de Beagles em atividade na Inglaterra, sendo que muitas delas possuíam o sangue Harrier em seus cães. Este é o Beagle que conhecemos atualmente.

 

Nos meados do século 19, o Reverendo Philip Honeywood restabeleceu a criação de Beagles. Estes cães eram criados visando apenas a sua excelência no trabalho de caça. A aparência destes cães não era um fator importante.

Thomas Johnson criou alguns Beagles excelentes e foi um dos poucos criadores da sua época que tentou aprimorar o tipo e a aparência dos seus hounds.

 

Ainda era possível encontrar beagles com características bem diferentes. No final do século XIX, foram criados organismos distintos para promover a raça e as tentativas de padronização foram intensificadas.

Nos Estados Unidos, antes da Guerra Civil Americana, os pequenos Hounds dos Estados do Sul, então chamados Beagles, eram mais do tipo Basset de pernas retas, com cabeça mais fraca e basicamente branco com manchas escuras. Considerados caçadores inteligentes e rápidos, não possuíam silhueta muito elegante.

 

início da década de 1870, logo após a guerra, alguns criadores americanos começaram a importar beagles ingleses e deram início à criação da raça nos Estados Unidos. Os criadores mais famosos dessa época foram o General Richard Rowlet de Illinois e Norman Elmore de Nova Jersey. Os Beagles passaram a ser reconhecidos pelo American Kennel Club (ACK) em 1884. O primeiro Beagle a ser registrado no AKC, foi Blunder em 1885.

Em 1888 foi fundado nos Estados Unidos o primeiro clube da raça no mundo, o "National Beagle Club of America" quando foram realizadas as primeiras provas de campo para Beagles. Neste período o Beagle passou a ser muito solicitado como cão de exposição e como cão de companhia, devido às suas extraordinárias qualidades e temperamento.

Em 1896 na Inglaterra foi fundado o Beagle Club, que se propunha a reunir os mestres de matilhas de Beagles, o caçador que usava o seu Beagle como arma, o expositor e o proprietário de cães de estimação, tendo como objetivo comum zelar pelos interesses da raça. Neste ano foi realizada a 1ª Exposição especializada em Beagles e a partir daí outras exposições foram realizadas habitualmente. Assim o Clube de Beagles e as exposições deram impulso à criação de Beagles e incentivaram o melhoramento da raça para caça, para exposições e para cão de companhia.

 

Durante a Segunda Guerra, houve uma grande queda no registro de Beagles na Inglaterra, mas em 1950, os criadores reuniram-se e juntaram esforços para reerguer a raça. Tanto as importações de Beagles dos Estados Unidos como do Canadá serviram para elevar o padrão zootécnico das criações inglesas e para o desenvolvimento da raça na Inglaterra. Em 1960 houve um verdadeira expansão da raça no país graças a esses excelentes padreadores importados e seus descendentes.

 

Nos Estados Unidos a raça Beagle teve o maior e mais rápido desenvolvimento. Apesar dos Beagles americanos terem se originado dos ingleses, os Estados Unidos conseguiram o aperfeiçoamento da raça bem antes da Inglaterra.

 

Na década de 60 haviam 3 criadores seletivos de Beagles no Rio de Janeiro, a sra.Serrador, o sr.Bento Soares Sampaio e o sr.René Mustardero.

No início da década de 60 também surgiram canis criando a raça Beagle: o Goldpulver no Rio de Janeiro e o Dreamland em São Paulo.Foram importados muitos exemplares de excelente padrão, vindos dos Estados Unidos e da Inglaterra.

Com o tempo o Beagle foi conquistando o seu lugar nas pistas, como animal de companhia ou de estimação e de caça, graças as suas características, como o seu ótimo temperamento, o pêlo curto e liso, a resistência, o porte, entre outras.

No início dos anos 70 surgiram no Rio de Janeiro o Canil Portezuelo, o Canil Glenrose e o Canil Saramandaia.

Em São Paulo em 1975 o Canil Schroeder's, em 1976 o Canil Camp's Kennels e em 1977 o Bangor´s Beagles. Em Curitiba o Canil Maiorca.

Nos anos 70 totalizavam mais de 130 exemplares da raça no país fruto do surgimento de novos canis e da importação de beagles dos Estados Unidos, Inglaterra e Argentina. Nesta época duas das maiores criadoras de beagles da Inglaterra vieram atuar como juízas em uma exposição realizada em Campinas (SP) e outra em Teresópolis (RJ). No Rio de Janeiro foi fundado o Canil Endless Summer e outros canis foram surgindo, entre eles:

-Dream's Bloom (Tatuí-SP)

-Beagles&cia (Rio de Janeiro-RJ)

-Sema Piracanjuba (Cotia-SP)

-Alicar de Tucum (Embu-Guaçu-SP)

-Bangor vom Rotdornweg (São Paulo-SP).

A raça Beagle teve um grande desenvolvimento no Brasil e os cães aqui criados possuem um elevado padrão da raça devido ao extraordinário trabalho desenvolvido durante todos esses anos pelos criadores brasileiros.



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